Geralmente as pessoas apaixonadas retribuem o amor do outro
com carinho.
Já os possessivos podem ir além, e transformar um gesto gentil em agressão.
A seguir um caso real que acompanhei com tristeza, e espero
que sirva de exemplo pra muitas, que assim como eu, um dia já acreditaram
demais.
‘Uma pequena observação, todas as informações referente a vítima e o agressor foram modificadas’.
Maria Antônia 20 anos, estava iniciando um relacionamento
com Arthur 30 anos.
Ela era fonoaudióloga recém formada, ele um professor de idiomas. Se conheceram durantes as aulas particulares de inglês. Mantiveram um relacionamento por cinco meses, o suficiente pra deixar marcas profundas.
Ela era fonoaudióloga recém formada, ele um professor de idiomas. Se conheceram durantes as aulas particulares de inglês. Mantiveram um relacionamento por cinco meses, o suficiente pra deixar marcas profundas.
Arthur era o tipo conquistador, sabia o que dizer pra manter
Maria Antônia por perto, mas os momentos de delicadeza foram ficando cada dia
menores. Ela, envolvida sentimentalmente, mas não fisicamente, negou as
investidas de Arthur que sobre pressão dos amigos passou a se ofender com as
negações de Maria, forçando as investidas a cada encontro.
Quando ela notou a situação, tentou terminar a relação
amigavelmente, mas Arthur não baixou a guarda, foi então que o inferno começou.
Mensagens ofensivas, perseguições, oscilações de um amor perturbado
e ódio. Acusações e suplicas para reatar o romance. Ele estava obstinado a ter
ela de volta. Ela destinada a sofrer ainda mais.
Um certo dia, ele pediu para encontrar ela pra uma conversa
definitiva, acreditando que tudo se resolveria ela aceitou. Ele buscou ela na
casa de uma amiga, conversaram civilizadamente, mas ao voltar, Arthur não tomou
o caminho da casa de Maria, mas da sua própria casa. Ela relutando pedindo pra
ir embora, ele forçando ela a ficar, descontrolado acertou o primeiro tapa, seguindo
de um beijo e de um sussurro “agora você é minha”. Foram horas, entre os gritos de acusações e
abraços demorados afagando o desespero dela. Ele alisava os cabelos dela,
elogiava seus olhos, e a chamava de vagabunda. Segurava seus braços enquanto
tentava tirar sua roupa, de forma hostil, violenta e absurda. Ele, em um estado de delírio intenso e
descontrole emocional, não se dava conta do imenso horror que submeteu aquela
garota.
Pontos importantes a serem ressaltados nessa história, Maria
Antônia não sofreu estupro, felizmente o caso não tomou proporções maiores, ela
foi assediada e agredida, mas o agressor não foi além, sorte que muitas
mulheres numa situação como essa não chegam a ter.
Outro ponto importante, nossa vítima não prestou queixa, ao procurar ajuda de um parente próximo, este erroneamente respondeu “mas também, o que você queria, não devia ter se metido lá”. Ou seja, atribuiu a culpa para própria vítima tirando o resquício de coragem da garota, além da vergonha que ela já carregava.
Outro ponto importante, nossa vítima não prestou queixa, ao procurar ajuda de um parente próximo, este erroneamente respondeu “mas também, o que você queria, não devia ter se metido lá”. Ou seja, atribuiu a culpa para própria vítima tirando o resquício de coragem da garota, além da vergonha que ela já carregava.
Não acredito que esse ‘parente’ tenha
feito por mal, mas isso é reflexo de um pensamento machista da nossa sociedade,
que acredita que a mulher deve se preservar de tudo, viver em uma redoma de
vidro pra ‘evitar’ esse tipo de situação.
As consequências? Sem dúvidas vai levar tempo pra trazer de volta a auto estima, a coragem e o brilho dessa mulher. A firmeza e a confiança em se entregar de novo em um relacionamento.
As consequências? Sem dúvidas vai levar tempo pra trazer de volta a auto estima, a coragem e o brilho dessa mulher. A firmeza e a confiança em se entregar de novo em um relacionamento.
Senti as dores dessa menina, como mulher, como sujeito e como
ser humano. Infelizmente essa é uma realidade que não se limita a
classes, tempos e lugares.
Simplesmente, não se limita!
Aline Westphal
Psicóloga Clínica
Psicóloga Clínica








